Musk acredita que a população entrará em colapso, especialistas discordam. “Está melhor a fazer carros”, dizem.
O empresário Elon Musk acredita que “o colapso da população devido às baixas taxas de natalidade é um risco muito maior para a civilização do que o aquecimento global”. Os especialistas discordam, indicando que é difícil comparar os dois problemas.
De acordo com os demógrafos, a população global continua em crescimento apesar dos declínios em algumas partes do mundo. Mesmo com taxas de natalidade a níveis mais baixos do que em 2021, os especialistas defendem que não deve entrar em colapso em breve.
“Ele [Musk] está melhor a fazer carros e engenharia do que a prever a trajetória da população”, disse Joseph Chamie, demógrafo e antigo diretor da Divisão de População das Nações Unidas. Em “alguns países a população está em declínio mas, no mundo, não é esse o caso”, acrescentou o especialista, citado pela CNN.
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), a população mundial deverá atingir 8 mil milhões em meados de novembro deste ano, prevendo que passe para cerca de 8,5 mil milhões em apenas oito anos.
Até 2080, prevê-se que atinja um pico de 10,4 mil milhões de habitantes, havendo 50% de probabilidade de ficar nesse patamar ou de começar a diminuir em 2100. Modelos mais conservadores, como o publicado em 2020 na Lancet, preveem que a população mundial seja de 8,8 mil milhões em 2100.
O crescimento atual da população não se deve a uma taxa de natalidade mais elevada, mas sim ao aumento da esperança média de vida. Em 2019 era de 72,8 anos, mais nove anos que em 1990. Espera-se que seja de 77,2 anos em 2050.
Já a taxa de natalidade não “entrou em colapso”, embora tenha caído significativamente. Em 1950, as mulheres tinham em média cinco filhos – no ano passado, tinham 2,3. Em 2050, a ONU projeta um novo declínio global para 2,1 filhos por mulher.
Nos Estados Unidos (EUA), passou de 3,6 nascimentos nos anos 50 para 1,6 em 2020, de acordo com o Banco Mundial. A Itália registou 1,2; o Japão 1,3 e a China 1,2. Em janeiro, os chineses anunciaram que a taxa de nascimentos caiu pelo quinto ano consecutivo, apesar dos medidas para incentivar a natalidade.
“Praticamente todos os países desenvolvidos estão abaixo de dois [filhos], e tem sido assim nos últimos 20 ou 30 anos”, disse Chamie. O único continente que ainda não terminou esta transição é o africano, onde existem 15 a 20 países nos quais o número médio de filhos é 5, continuou o demógrafo.
Contudo, nesses países, as crianças ainda enfrentam elevadas taxas de mortalidade. Para crianças menores de 5 anos é 8 a 10 vezes superior à das regiões desenvolvidas, sendo a mortalidade materna duas vezes maior, notou Chamie.
Em termos de crescimento populacional, o século XX foi uma anomalia. “Aquele século foi o século demográfico mais impressionante de sempre”, referiu Charmie. A população quase quadruplicou, algo que nunca tinha acontecido antes na História – devendo-se, em grande parte, às melhorias na saúde pública.
A introdução da pílula nos EUA, a partir de 1964, permitiu que os casais ficassem mais aptos a determinar quando e quantos filhos tinham. “A pílula teve um efeito muito mais significativo do que o carro”, acrescentou o especialista.
Em 2020, a taxa de crescimento da população mundial caiu abaixo de 1% pela primeira vez desde 1950. Para Ken Johnson, demógrafo da Casey School of Public Poilcy e professor na Universidade de New Hampshire, a queda na taxa de natalidade se deve a um declínio “significativo” nos casos de gravidez na adolescência e no início da fase adulta, tendência que se tem vindo a verificar desde 2008.
Entre julho de 2020 e 2021, a taxa de crescimento da população dos EUA foi a mais baixa dos últimos 100 anos, disse. “É quase como uma tempestade perfeita. O [número] de nascimentos é mais baixo, a covid-19 aumentou as mortes e a imigração é lenta”, completou.
Ainda de acordo com o artigo da CNN, a percentagem da população acima dos 65 anos passará de 10% em 2022 para 16% em 2050. Isso representa o dobro do número de crianças com menos de cinco anos.
William Frey, demógrafo e membro da Brookings Metro, disse que não vê necessidade no aumento do número de filhos por casal nos EUA:
“Não penso que nos EUA seja uma questão de colapso, porque podemos certamente abrir a torneira para mais imigrantes sempre que quisermos”, disse Frey.
“Não teremos escassez de pessoas que queiram entrar pela porta para imigrar para cá. Os imigrantes e os seus filhos são mais novos do que a população no seu conjunto, o que ajudará a evitar que a população envelheça”, concluiu.
fonte: encurtador.com.br/fyRU9
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